segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Eis que surge a 100ª Direcção Geral da AAC




A lista do finalista de Economia, André Oliveira, foi eleita por 2 terços dos votantes, porém, apenas 20% dos estudantes foram às urnas.

Numa lista que pretende unir a Academia, o jovem socialista apostou numa miscelânia de juventudes partidárias, onde PCP e Bloco de Esquerda não tiveram assento e os independentes, provavelmente, ficaram dissolvidos na abstenção.
Seguindo a lição do seu antecessor, reúne vários grupos (alguns conhecidamente em pé de guerra) e tenta criar um grupo forte e unido. Em eleições bem o pareceu, mas será que o conseguirá manter durante o mandato? Paulo Fernandes não o conseguiu.

A ilação que se tira destes últimos anos nas eleições para a Academia é que o espiríto de grupo de uma equipa, elevado e bem trabalhado em fase de campanha, tende a desaparecer com o decorrer do tempo, e, como frágeis castelos de cartas, colapsam, começando a guerra para ver quem constrói o próximo.
Logicamente, o maior prejudicado nisto é o comum estudante que, devido aos vícios das sucessivas Direcções Gerais, não pode usufruir devidamente da escola de vida que a AAC tem o dever de proporcionar. Por isso, descem votações e procuram-se uniões, ao bom velho estilo de Junta de Freguesia, onde se juntam todos os compadres e ninguém se entende.

Paralelamente, o estudante, a consumir “Bolonha” todos os dias, nem tempo tem para pensar em associativismo, desligando-se de ideais e causas que devem pautar a vivência irreverente de Coimbra, onde é dada oportunidade aos jovens de promover as suas ideias e de lutar por causas que em muito mudaram a própria História de Portugal.

Deste modo, a cada dia que passa, a AAC é mais uma Sociedade Anónima; desde certificações de qualidade, passando por lucros de 800.000 euros na Queima das Fitas ou frotas automóveis; até ao modelo de gestão, onde só tem assento quem possui um elevado número de acções, entendam-se, votos. Porém, aqui as acções não valem dinheiro e hoje em dia, numa organização onde todos olham para o seu umbigo, a inoperância crescente de vários membros das sucessivas DG’s é gritante.

Será que este modelo “corporativo” nos recentes projectos para a DG é o correcto para a Academia? Se o exemplo, certamente, não vem de cima, como poderemos sustentar a base?

A AAC, em todas as suas vertentes, tanto pedagógica, como cultural ou desportiva precisa de um apoio imenso por parte de quem a dirige. Não sendo isso salvaguardado, surge o prenúncio de ruptura, não só com os estudantes, mas também (e definitivamente) com as secções e organismos autónomos; o que no seu limite, terminará com tudo o que é a Académica e o que ela representa, tanto a nível regional, como a nível nacional e mesmo além fronteiras.

Em suma, em Coimbra nos dias de hoje, o associativismo de ponta a que nos habituámos esfumaça-se, dando lugar apenas a uma plataforma de acesso à vida política que em nada beneficia os sócios da Academia, servindo apenas os interesses de quem (supostamente) os representa e, provavelmente, “futuros heróis da iniciativa privada” e do capitalismo liberal para onde caminhamos.

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